quarta-feira, 6 de abril de 2011

Falar baixinho (o nasal do cadáver)

Comecei a falar baixinho. Falo o mais baixinho que posso. Pelo menos sempre que me lembro que me comprometi a falar baixinho. A bichanar para não ferir o ouvidinho que ficou bastante danificado desde o dia em que encheste os pulmões para festejar a eleição do novo presidente da Junta. Arruma as cornetas, os tambores e deixa-te de pum-pum-puns.

Chiu! Que ainda acordas as crianças. E sabes que a dormir são anjinhos, mas que ao acordar… Tu bem sabes!

Mau! Até aqui me vêm chatear com o falar baixinho? E o que fazer com a minha mãe que é surda? Coitada da senhora que se eu não gritar não ouve nada… Se não ouve nada é porque é surda, agora se não perceber… Falar baixinho pode ser agradável, romântico, irritante, ofensivo.

Tão irritante que berrou: Ahhhhhhhhhhh, Brrrrrrrrrr, Aiiiiiiiiii. Qual romantismo qual quê. Do que eu gosto mesmo é de berrar, uivar, ladrar… Baixinho.

Mas que vida difícil esta de cadáver. Caluda! Silêncio!