quarta-feira, 2 de março de 2011

Visita guiada ao museu da palavra (o parietal do cadáver)

No início era o verbo, que substituiu o caos. Ele nasceu para designar e construir sentido. Depois escorregou na parvoíce, perdeu o nariz e passou a respirar pela boca. Começaram a entrar partículas indesejadas de letras por esta cavidade e o ser humano transformou a comunicação em verborreia. Bem-vindos à breve história da palavra.

Queiram por favor colocar os auscultadores à prova de palavrões e os óculos para palavras efémeras. Vai começar a visita!

Estas são as palavras homógrafas. Têm a mesma grafia mas o significado é diferente. A mesma palavra pode alterar completamente o sentido de uma frase.

Como podem verificar, à nossa esquerda temos uma frase bem elucidativa. Se pensarem nela, perceberão que as palavras que a constituem por si nada ou, antes, pouco significam. Mas em conjunto têm um peso totalmente diferente.

E a propósito de peso, chamo agora a atenção para a palavra que podem ver já na vossa frente e que é a maior da língua portuguesa: anticonstitucionalissimamente. É um advérbio e descreve algo efectuado de maneira anticonstitucional. Como podem ver, tem 29 letras.

Ah, e agora vamos para o espaço mais especial do museu. Chamámos-lhe carinhosamente «Z», por ser o quarto onde as palavras dormiram durante séculos. Todas as não ditas e as escritas mas não publicadas estão aqui. Incluindo as do livro «Viagem à origem das espécies em 80 dias – da bactéria Romeu ao homo sapiens Julieta». Temos de entrar em silêncio, pois o mínimo ruído pode acordar as palavras alienígenas e as consequências seriam… Oh não! As letras fizeram sopa de humanos. E o museu fechou as portas. Ficou só a pontuação.

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