quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Elogio fúnebre (o estribo do cadáver)


Errar é humano. Tu nunca erraste (a não ser na hora da morte. Quem é que se vai deste mundo por comer uma embalagem de ervilhas congeladas?), por isso devo concluir que tu, Rodolfo, não eras humano. Sempre suspeitei aliás das antenas verdes que te escapavam da cabeça quando bebias café…

Ai e que saudades vamos ter, querido ET, do teu dedo indicador que acendia uma luzinha ao tocar nos nossos corações.

Este nosso amigo que tantas vezes nos ajudou deixa-nos numa grande tristeza. Será sempre lembrado como uma pessoa boa, alegre e amiga. Só é pena que naqueles dias «não» perdesse a calma com tanta facilidade e deixasse a sua marca naquilo que estivesse mais à mão. Oh, por falar em mão, as suas eram tão perfeitinhas…

Aliás, todo aquele ser era de uma perfeição extrema. Desde o rosto ossudo, ao corpo alongado, aos pés pequenos. Por isso é que os tamancos te assentavam tão mal… E olha, devo dizer-te que a corcunda também não te favorecia. Parecias um acidente geográfico. Ah, ah, ah Ainda hoje me fazes rir… Impecável, Rodolfo. Agora que estás desde lado comigo, já podemos brindar à vida da morte. A propósito, adoro o teu caixão. Traz os parafusos.

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